quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Breve história sobre Lingerie _ Parte I

Irei contar uma breve história dos inicios do aparecimento da lingerie, sendo que me irei centrar mais na  lingerie dos anos 1940 e 1950.
A lingerie passou por uma série de transformações ao longo do tempo, acompanhando as mudanças culturais e as exigências de uma nova mulher que foi surgindo, principalmente durante o século XX. A evolução tecnológica possibilitou o surgimento de novos materiais, que tornou a lingerie mais confortável e durável.

A história da lingerie começa por volta do segundo milénio antes de Cristo. Em Creta, as mulheres usavam um corpete simples que projectava a base do busto, fazendo evidenciar  os seios nus. 
No período Arcaico grego, surgiu o proto soutien, uma tira de pano, geralmente vermelho, que enrolavam sob os seios, para os envolver, levantar e sustentar, mantendo-os firmes , impedindo que tremessem ao andar.
Após a invasão de Roma, surge a faixa chamada fascia, que tinham como objetivo comprimir os seios para que não crescessem. E caso a natureza vencesse, usava-se um couro macio para esmagar o busto, era o mamilare. Para as privilegiadas que tinham seios pequenos, havia a écharpe, que envolvia os seios sem comprimi-los.
Após a queda do império romano e invasões celtas e germânicas, a preocupação de sustentar os seios desaparece por vários séculos e com ela, o soutien.
Na Idade Média, surgiram os ancestrais corselete. Um deles era a "Cota", uma túnica com cordões. O outro era conhecido como "Beaud", uma espécie de corpete amarrado atrás ou nas laterais, que apertava o busto como uma couraça e era costurado numa saia plissada. O "Sorquerie" era uma "Cota" muito justa também conhecida como guarda-corpo ou corpete. E havia ainda o "Sucote", um colete enfiado por cima do vestido e amarrado.

No fim da Idade Média, a silhueta começa a ficar mais marcada, com adereços extravagantes, como cintos, véus e decotes profundos.
No renascimento, século XV, a época da exaltação erótica.
Volta a sustentação dos seios por peças rígidas , era o "Vasquim", corpete amarrado nas costas, com forro pespontado, reforçado por fios de latão. Havia ainda, as gaiolas, corpete de metal, usado por mulheres com má formação.
Com o fim do renascimento, reina o sofrimento absoluto para as mulheres, que usavam o "Corps Pique", que elimina o ventre, apertando a cintura e dá ao busto o aspecto de cone, amarrado com uma haste, que pesava até 1 kg, enfiada num encaixe e costurada no tecido do corpete. O aperto ao corpo feminino era tanto, que as costelas chegavam-se a cruzar.

                  Corps Piqué

As calças de baixo femininas difundiram-se no século XVI, como imitação das masculinas. 
 No século XVI, Catarina de Medicis usou o culote, ainda inspirado nas calças masculinas para montar a cavalo. O culote era um tipo de calça cigarrete larga criada para que as mulheres pudessem se movimentar mais à vontade, sem ficar com seu sexo exposto.
 Nos séculos XVIII e início do XIX, as dançarinas e femes de theatre, artistas das artes performativas, a dança, delicada, insinuante, mas controladas por decretos de lei, eram obrigadas a usar roupas de baixo, porque ao dançar, levantavam às vezes as pernas acima da cintura.
 As “calças” descritas acima, não eram usadas por toda as pessoas, a maioria das mulheres nem sonhavam em tê-las. Apenas as mulheres da realeza usavam o culote.
 Mas a história das calças caracterizado pelo seu uso, deu início no séc.XVIII,  em que dançarinas de cabaret, foram obrigadas por decreto de lei, a usar esta peça, devido aos movimentos da dança que deixavam à mostra as genitais, uma verdadeira afronta à moral da época. As "cuecas" usadas por elas tinham graciosas camadas de babadinhos e rendas, que acompanhavam harmoniosamente os movimentos da apresentação. Nessa época somente as mulheres do cabaret, libertinas, usavam esta peça.



Somente no século XVIII é que as mulheres começam a respirar, literalmente, um pouco mais aliviadas. Sendo  que as hastes de madeira e metal foram substituídas pelas barbatanas de baleia. Os decotes aumentaram e os corseletes passaram a ser confeccionados para comprimir a base do busto, deixando os seios em evidência. Também foi nesta época que os corseletes ganharam sofisticação. Eram bem trabalhados com bordados, laços e tecidos adamascados. E, a partir de 1770, junto com as ideias iluministas que culminaram com a Revolução francesa, houve uma espécie de cruzada anti-espartilho.





A cueca surgiu mesmo por necessidade. E no início houve muita resistência por parte das mulheres. No séc.XIX as mulheres começaram a usar a crinolina, uma armação de metal, super leve e mais confortável, a última tecnologia da época para armações de saias. Eram variados formatos e tamanhos e as mulheres pareciam navios de tão espaçosas que ficavam. A leveza das armações era de impressionar. As damas andavam, e saias iam pra lá, pra cá , pareciam balões em movimento. Mas a leveza, tinha o lado negativo, qualquer vento, as saias levantavam, e às vezes deixavam à mostra o que não era para ser visto. "Embora não soe como tal, as crinolinas ofereciam riscos ás suas usuárias. Entre os riscos que proporcionava estava a vulnerabilidade às ventanias, causadas por seu formato de balão: há relatos de mulheres em portos que foram levadas ao mar, onde se afogaram"




Foi então que surgiram as pantaloons, uma espécie de calção feminino, de tecido natural, geralmente de linho e algodão, que de início tinha comprimento até os tornozelos e rendada neste local.
No início, muitas mulheres resistiram ao uso, por ser masculino, da má fama, e dos transtornos para ir ao banheiro. Mas era necessário. As pernas estavam cobertas e a prova de ventanias. 



Uma série de invenções marcou o século. Em 1823, criaram o espartilho mecânico, com polias e colchetes para que a mulher pudesse desatá-lo sozinha e em um minuto. Nessa época, o espartilho também podia ser atado “à la paresseuse”, isto é, por um sistema de cordões elásticos pensado para que a mulher se vestisse sem ajuda.
 Em 1828, surgiram os ilhoses de metal, por onde passam os cordões. Com grampos para fechar os espartilhos, eles davam mais segurança que os ilhoses bordados. Tecidos mais resistentes começaram a ser usados nos espartilhos, como o fustão e o nanquim da Índia. Em 1832, o suíço Jean Werly abre a primeira fábrica de espartilhos.




O estilo romântico, com cintura marcada e saias em formato sino, marcou os anos 1830. Uma década depois, o espartilho e a crinolina continuam a revelar uma mulher sedutora, mas enfeitada com babados e fitas, colchetes, pences e presilhas. Nos anos 1850, começa a confecção de diversos modelos em série: espartilhos nupciais, espartilhos de baile, de cetim branco, para manhã, para noite, para dança, com bojos, com presilhas, de camurça, de cinza-pérola, de cetim azul Nilo, de seda cor de hortênsia, de renda Chantilly, fita de seda de Pequim ou renda guipure da Irlanda.



Em 1889, Herminie Caddole inventou o primeiro “corpete para seios”, uma idéia simples e genial que invertia as forças de suporte, agora com alças apoiadas nos ombros. Assim, novas lingeries conquistaram espaço no mundo da moda.
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Além do corselete, as roupas íntimas eram compostas por calças que chegavam até os joelhos, cheias de babadinhos.
 No final de século XIX, foi criado na França o precursor do soutien, numa tentativa de oferecer às mulheres mais conforto do que o repressor espartilho. A boutique de Heminie Cadolle elaborou um modelo em tecido à base de algodão e seda, semelhante aos modelos atuais
 A partir de 1900, o espartilho começou a se tornar mais flexível. Os balés russos de Serge de Diaghliev faziam muito sucesso em Paris. E seus trajes neo-orientais inspiraram costureiros como Paul-Poiret e Madeleine Vionnet que inventaram roupas que formavam uma silhueta mais natural. 




Em 1914 o soutien foi devidamente reconhecido e patenteado nos Estados Unidos pela nova-iorquina Mary Phelps Jacob. Era feito com dois lenços, um pedaço de fita cor-de-rosa e um pouco de cordão. Ela resolveu vender a patente a uma fábrica de roupas femininas, a Warner Brothers Corset Company, por 15 mil dólares da época. Era o início da industrialização do lingerie, porém havia poucas opções de tamanho e o ajuste era feito por presilhas nas alças.





                                                                                      Fim da 1ª parte.












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